O Caminho para a Alteridade
100 min
O objetivo dessa aula é trabalhar o conceito de alteridade, segundo Tzvetan Todorov, com turmas de 7º ano do Ensino Fundamental. Para isso, será abordada a temática dos primeiros contatos entre os nativos latino-americanos e os europeus, com documentos como o Popol Vuh e cenas do filme "O Caminho para El Dorado" (2000), dentre outros.
CURSO: Narrativas da América: discursos e dinâmicas locais
Objetivos
O objetivo principal da aula é trabalhar o conceito de alteridade, segundo Todorov. Porém, por meio disso, espera-se que os(as) estudantes consigam perceber que as relações entre nativos americanos e europeus desde o final do século XV são marcadas pelas percepções que ambos os grupos possuem do outro. Também que estas percepções não são unívocas e imunes a passagem do tempo ou a diferentes interesses regionais e de cada grupo (ou de subgrupos). Tomar conhecimento das visões indígenas também ajuda a quebrar estereótipos já absorvidos pelos estudantes de que eles seriam ingênuos ou selvagens. Como a turma vai trabalhar com imagens (vídeos) e fontes escritas, eles também terão que analisar essa documentação para compreender a noção de alteridade e traçar paralelos com o tempo presente. Obviamente, eles precisarão ainda recorrer aos conhecimentos do conteúdo para entenderem (ou relembrarem) o que for necessário pra responder ao questionário.
Requisitos
Equipamentos necessários: data show, caixa de som, notebook, vídeos já citados previamente baixados e/ou exibidos via Youtube e cópias dos textos com trechos dos documentos escritos em quantidade suficiente para os(as) estudantes. Estes textos estão anexados adiante.
Avaliação
Quanto ao questionário, ele vai ter entre 5 ou 7 perguntas e irá explorar a diferença entre essas visões, o conceito de alteridade e alguma relação com a vida dos estudantes. As questões estão rascunhadas, mas ainda necessitam da definição dos textos para ganharem forma. A meta é fazer com que os(as) estudantes debatam sobre a noção de alteridade, sobre o encontro de nativos latino-americanos e europeus, bem como o nosso encontro cotidiano com o Outro. Será considerado que a turma compreendeu a questão e foi bem avaliada se a maioria dos questionários conseguir perceber as diferentes visões nos vídeos e nos textos, como elas são parecidas e se chocam, são diferentes e se misturam. O mais importante é que eles(as) comecem a desnaturalizar a visão que possuem de outras culturas e pessoas, principalmente dos nossos países vizinhos e dos povos indígenas.
Lista de atividades
Exposição Oral por parte do professor
5 min
No começo da aula, o(a) professor(a) deve explicar para a turma qual o objetivo principal da aula e como será a dinâmica dela. Primeiro, será feita uma leitura de um trecho do livro "A Conquista da América: a questão do outro", do historiador Tzvetan Todorov, para se explicar o que é alteridade. Depois os(as) alunos(as) assistirão 2 vídeos e lerão 2 textos para empregar esse conceito em um exemplo histórico. Eles devem prestar bastante atenção porque ao final da aula deverão responder algumas perguntas sobre o conceito alteridade e o tema "descoberta" da América.
Leitura de texto em sala de aula
5 min
Após distribuir as folhas com os textos, o professor deverá guiar a leitura em voz alta do trecho do texto de Todorov. A maneira exata fica a cargo do professor e do perfil da turma. Pode ser pedido que alguns alunos(as) colaborem na leitura em voz alta, ou não. Contudo, é importante que se garanta a concentração e que a leitura não seja muito rápida para que os estudantes consigam iniciar o entendimento do conceito de alteridade. O trecho a ser lido vai de "Quero falar da descoberta que o eu faz do outro" até "em reconhecer que pertencemos a uma mesma espécie".
Exposição Oral por parte do professor
10 min
Hora de garantir a compreensão. O professor deve reservar alguns minutos para esclarecer se a turma compreendeu o conceito de alteridade. É importante para o desenrolar produtivo da aula que todas as dúvidas dos(as) estudantes sejam sanadas. Após isso, hora de apresentar os alunos ao que é o Popol Vuh, o mito da criação maia, pedindo que eles anotem o nome dos 2 pares de deuses principais e observem bem a representação dos mesmos.
Vídeo/Música/Imagem
15 min
Exibição do vídeo "Popol Vuh, mito da criação Maia, disponível no Youtube ou em link anexo. Os minutos restantes podem ser utilizados para conceder algumas maiores informações sobre os Maias e sua mitologia. Mas nesse momento não é necessário um grande aprofundamento sobre os Maias. Essa civilização e as outras do mesmo porte na América Latina (como astecas e incas) já foram trabalhadas, pelo menos de acordo com os currículos da maioria das redes escolares nacionais. Contudo, se também não tiverem aparecido ainda em sala de aula, não será uma apresentação ruim dos maias. Entretanto, o central é que os(as) estudantes observem bem os 2 pares de deuses Wucuman/Huracán e Hunahpu/Ixbalanqué, bem como a representação deles.
Vídeo/Música/Imagem
25 min
Nessa parte da aula, o(a) professor(a) deve exibir algumas cenas do filme "O Caminho para El dorado", do ano 2000, produzido pela Dream Works. É possível encontrá-lo para download na Internet. Nas cenas em questão, no século XVI, dois malandros espanhóis saíram em busca da mítica cidade de El Dorado, quando são confundidos pelos nativos com deuses da mitologia deles. Eles se aproveitam disso até que progressivamente os nativos descobrem a farsa, tendo reações diferentes a essa informação. Eis o tempo das cenas: 00:20:32-00:28:54; 00:34:45-00:41:24; 00:53:21-00:59:38; 01:00:44-1:02:36. Elas totalizam 23 minutos. É importante que o(a) professor(a) esteja ciente de que, como qualquer outro filme, certas adaptações foram feitas pela película. A principal é que a cidade de El Dorado é representada majoritariamente como maia, com alguns elementos de outras culturas indígenas (ex: os sacrifícios humanos, inspirados nos astecas). Além disso, se o(a) docente se interessar em assistir ao filme completo, foi Francisco Pizarro e não Hernán Cortez quem procurou por El Dorado. Contudo, é sobre o último que se afirma ter sido confundido com um deus, porém uma vez mais pelos astecas e não pelos maias. No link em anexo, seguem essas observações e outras curiosidades sobre o filme.
Exposição Oral por parte do professor
5 min
Momento de sanar qualquer dúvida sobre as cenas do filme e se certificar que a turma entendeu o que aconteceu no vídeo.
Produção escrita em grupo (alunos)
35 min
Nesse momento, que já se encaminha para o final da aula, os(as) estudantes lerão alguns textos, que complementam os vídeos, com impressões controversas de nativos e europeus uns sobre os outros. Em seguida, deverão começar a responder o questionário que serve como avaliação para a aula. Ou seja, na verdade, essas duas partes são concomitantes. Por razões práticas e didáticas, os(as) estudantes podem se reunir em duplas ou trios para debater a resposta das questões. Os textos a serem lidos incluem trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha, Crônicas de autoria de Gonzalo Fernando de Oviedo ou do Frei Bartolomé de Las Casas e do historiador Miguel León Portilla.
Obs.: Para o corretor, alguns destes textos já selecionei, mas não consegui me decidir ainda por outros e escaneá-los todos. Mas farei isso para a versão final. Seja como for, vou apresentar uma visão positiva e outra negativa dos europeus sobre os índios. E no sentido contrário, duas negativas e bem realistas do índios sobre os europeus para balancear a visão passada pelo filme.
Referências
FERNÁNDEZ DE OVIEDO, Gonzalo. In: ROMANO,Ruggiero. "Mecanismos da conquista colonial". São Paulo: Perspectiva, 1995.
FREI BARTOLOMÉ DE LAS CASAS. "O paraíso destruído". Porto Alegre: L&PM, 1985.
KARNAL, Leandro. “As crônicas ao sul do Equador”. In: Idéias. Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Unicamp, Ano 13, 2006.
LEÓN PORTILLA, Miguel. "A Conquista da América Latina vista pelos índios". Petrópolis: Vozes, 1987.
SANTOS, Eduardo Natalino dos. “Questões preliminares”. Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Palas Athenas, 2002, p. 22-24.
TODOROV, Tzvetan. "A Conquista da América: A Questão do Outro". São Paulo: Martins Fontes, 1999.