Novas visões sobre a abolição e resistência à escravidão

por Flávia de Matos Rodrigues

Plano elaborado para 4 aulas

180 min

Ano: 8ºano Ensino Fundamental II A partir dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre o tema proporcionar novas reflexões destacando as diversas formas de resistência e participação negra no processo de abolição da escravidão para além dos quilombos e fugas assim como suas consequências nos dias atuais.

CURSO: A Canção Popular no Ensino de História

Objetivos

Habilidades a serem desenvolvidas:

Argumentar, de forma coerente e coesa, com base em fatos, dados e informações confiáveis;

Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital.

Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade.

Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais.

Utilizar diferentes linguagens.

Identificar nas fontes históricas, autoria, explicações e intenções;

Comparar diferentes períodos históricos, estabelecendo relações entre passado e presente.

Reconhecer a multiplicidade das fontes históricas.

Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções.

Fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

Expressar-se, partilhar informações, experiências, ideias, sentimentos e produzir sentidos que levem ao entendimento do mundo.

Objetivos da aprendizagem:

Compreender as formas de resistência africana e escrava no período do Brasil Colonial e Imperial.

Compreender a existência de diversos pontos de vistas dentro da história e a possibilidade de reconstruções de narrativas.

Formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns com base em direitos humanos e ética.

Entender o mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade, autonomia, criticidade e responsabilidade.

Entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar com a sociedade.

Requisitos

Quadro e cadernos para registros das impressões dos alunos e alunas, caixa de som, tv ou data-show, papel, tinta e impressora para impressão das letras das canções; acesso a internet para pesquisa.

Avaliação

A avaliação dar-se-á de forma contínua por meio da observação da participação oral e também da realização dos registros escritos de forma coerente com a proposta da aula, bem como a habilidade do trabalho em equipe. O professor poderá utilizar-se de diário de bordo ou um roteiro de observações com critérios avaliativos definidos juntamente com os alunos, logo no início das atividades e que contemplem as habilidades a serem desenvolvidas e os objetivos buscados.

Lista de atividades

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

25 min

Mobilização inicial com a audição e leitura da música "Resistência" do grupo Mato Seco. Após a audição da canção, os alunos devem identificar a qual gênero musical ela pertence destacando as características que os levaram à conclusão. Neste momento, será importante que o professor, juntamente com a participação dos alunos, contextualize brevemente o surgimento deste gênero musical, identificando o período, país de origem, estruturas musicais e principais questões temáticas.

Uma roda de conversa será proposta para que identifiquem na letra e expressem, de forma oral, as diversas formas e grupos de resistências presentes na atualidade.

Logo depois deverá ser registrada no quadro a palavra resistência e cada estudante, espontaneamente, deverá compartilhar o que, em seu ponto de vista, significa tal expressão. Todos devem registrar as opiniões de todos no caderno. Ao final, estimulados pelo professor, deverão criar hipóteses sobre o que seria resistência para o autor da canção.

Ao final da mobilização inicial, o professor deverá apresentar à turma o tema das próximas aulas “Abolição da Escravidão no Brasil” e sugerir que levem para casa o seguinte questionamento e tentem refletir sobre ele: qual a relação entre a canção que ouviram na aula e a abolição da escravidão?

Exposição Oral por parte do professor

10 min

Ao iniciar a aula o professor deve já perguntar os alunos se pensaram a respeito da questão que solicitou que refletissem sobre. Neste momento será importante que, mesmo que os estudantes não respondam, o professor estimule-os a levantar hipóteses para responder a questão no momento inicial da aula. Feito isso, poderá complementar ou aprofundar de forma oral as contribuições dos estudantes.

Em seguida, deverá contextualizar, com uso do quadro, a Abolição da Escravidão no Brasil e, neste mesmo momento, já levantar quais os conhecimentos prévios os estudantes possuem sobre o tema; afinal, eles já estudaram o tema no Ensino Fundamental I, mas, deverá lembrá-los de que uma abordagem diferente ocorrerá neste momento.


Produção escrita em grupo (alunos)

10 min

Concomitante à exposição do professor, o quadro poderá ser usado para registrar, os conhecimentos prévios dos estudantes, os dados e fatos identificados por eles também. Para tais registros poderá ser oportuna a produção coletiva (que deverá ser registrada pelos estudantes em seus cadernos) de um mapa mental com palavras chaves que, provavelmente, serão socializadas, como: Princesa Isabel, Lei Áurea, Zumbi, Quilombos, 1888.


Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

15 min

Feitas as exposições e registros, questionamentos orais deverão ser propostos, um de cada vez, esperando que os estudantes respondam a primeira pergunta para depois propor a questão seguinte:

1. Segundo seus conhecimentos, quem teria sido responsável pela Abolição da Escravidão?

2. Qual o papel da população negra e escrava neste processo?

3. Como esta população teria participado/ o que teria feito para conseguir a abolição? Nesse momento, é importante que todos se expressem e criem hipóteses acerca das respostas, afim de que notem, de forma autônoma, porém, intermediados pelo professor, as ausências nos discursos e visões predominantes na história oficial e tradicional, mas também, dentro da própria turma, visões diferentes sobre o mesmo fato histórico.


Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

25 min

Audição e leitura da canção Dona Isabel de Mestre Toni Vargas. Após a audição, os estudantes deverão dizer qual é o gênero da canção (trata-se de uma canção de roda de capoeira) identificando os elementos que os levaram a tal conclusão, tais como as vozes ao fundo, o som do berimbau, os "iêês" intensos. Também devem ser questionados sobre a estrutura da canção, percebendo, principalmente, a divisão da canção em duas partes, devem ser questionados e criar hipóteses sobre o porquê desta divisão. Em seguida, já de posse da letra da canção, devem ser instigados a refletir, oralmente, sobre os significados da primeira parte da canção e os motivos que levaram o autor a inserir tais artigos na introdução da música. É importante que notem que os artigos se referem ao período logo após a Abolição da Escravidão e, sob mediação do professor com questionamentos orais, refletir coletivamente acerca do que tais artigos representavam para a população negra naquele período.

Para a segunda parte da canção, ainda de forma oral, deverão compreender a visão do autor acerca da Abolição e identificar quais formas de ações e resistência negra ele destaca e insere neste processo e, também, questionar-se, por exemplo, sobre as razões da escolha do uso da expressão "Dona Isabel" e não "Princesa Isabel" para referir-se à filha de D.Pedro II, imperador do Brasil na época. O professor deve mediar estas identificações proporcionando aos estudantes a percepção e comparações de versões mais comuns (como os Quilombos, Zumbi e a própria capoeira) com outras mais complexas presentes nas afirmações "Abolição se fez bem antes" ou "Abolição de fez com sangue".

Produção escrita em grupo (alunos)

30 min

Após as análises da canção, discussões orais e produção de mapa mental, divididos em duplas, os alunos deverão elaborar uma breve produção textual acerca dos questionamentos e identificações realizadas sobre a canção. Na produção, deverão identificar quais formas de resistência apresentadas na canção se relacionam àquelas que eles expuseram na mobilização inicial, construindo sua definição de resistência. Na conclusão, deverão identificar quais as novas formas de interpretação do processo de Abolição a canção analisada permite-nos conhecer e quais permite-nos reconstruir, fazendo comparações com os seus conhecimentos prévios sobre o tema na produção do mapa mental. Nesta elaboração é importante que os estudantes identifiquem permanências e transformações em seu próprio processo de aprendizagem.


Produção escrita em grupo (alunos)

20 min

Exibição do trailer do documentário "A última abolição" deverá ser exibido. Antes de iniciar a atividade escrita, o professor deverá chamar a atenção dos estudantes por meio do questionamento: qual é a crítica feita à história da abolição da escravidão e sobre a situação no negro na atualidade? Após as exposições dos estudantes, sempre mediadas pelo professor, em grupos de quatro alunos (de preferência formados por duas duplas que elaboraram as produções textuais), devem elaborar duas listas:

1. Uma com as formas de ações e lutas dos escravos que foram apresentadas em cada fonte analisada nas aulas.

2. Outra com quais foram as reais consequências da abolição da escravidão para a população negra no Brasil e seus descendentes.

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

45 min

Após as produções e socialização, o professor finalizará o tema propondo um debate à sala a partir da afirmação do historiador João José Reis no documentário A última abolição: “Um jovem negro hoje está menos protegido do um jovem negro escravo no século XIX.” O professor deverá perguntar à turma quem concorda ou discorda com a afirmação e, em seguida, escolher dois grupos para defenderem e argumentarem positivamente sobre aquilo que discordam. O objetivo da escolha é que desenvolvam, também, a habilidade de se colocarem no lado oposto de sua opinião.


Referências

https://www.youtube.com/watch?v=TcK-Ta0drLU

https://www.geledes.org.br/historia-reggae-parte-3-reggae-roots/

https://www.geledes.org.br/o-lado-b-da-princesa-isabel/

http://www.humanas.ufpr.br/portal/historia/files/2017/12/Monografia-pronta.pdf

NAPOLITANO, Marcos. História e Música – história cultural da música popular. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.