Negritude em versos
150 min
O objetivo dessa aula é estabelecer uma relação com os alunos e algumas músicas populares do nosso cotidiano para que entendam como isso afeta a sociedade atual, explorando a questão da identidade negra e sua alteração com o passar do tempo. A aula se destina aos nonos anos. Contasse com aulas com duração de 50 minutos a serem feitas no final do ano, propondo uma reflexão sobre o tema.
CURSO: A Canção Popular no Ensino de História
Objetivos
O objetivo dessas aulas é mostrar para os alunos as continuidades do processo de aprendizado, fazendo com que o aluno vivencie e compreenda a mentalidade da época. A proposta disso é também desenvolver outros fatores socioemocionais como forma de estimular talentos não demonstrados nas aulas comuns. A escuta e interpretação da música faz com que os alunos convivam com outras formas de discursos para além do discurso escrito ou visual. A composição e interpretação das pessoas impulsiona os alunos a entenderem uma fonte sobre outras perspectivas que normalmente não é abordada em sala de aula.
Requisitos
Uma mídia para se projetar o clipe das canções citadas
Cópias impressas das letras das letras das músicas para análise dos alunos.
Papel e caneta para anotação do que acharam mais interessante e para um debate posterior.
Salas com mesas onde possam se organizar em grupos de 4 pessoas.
Avaliação
A avaliação com os alunos será feita ao final da terceira aula. O professor deve analisar a evolução dos alunos, analisando os resultados de cada debate e culminando na ilustração final e poesia. As notas serão distribuídas através da capacidade de cada grupo em sintetizar e reproduzir o que foi aprendido na sequência didática.
Lista de atividades
Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)
20 min
Nessa primeira aula, o professor deve apresentar aos alunos o vídeo em anexo com a entrevista de Fábio Porchat a Elza Soares e na qual é apresentada a canção "A carne". O professor deve apresentar aos alunos esse vídeo e pedir para os alunos se atentarem a dois pontos:
1) Qual o motivo para a composição dessa canção?
2) Quais as impressões da escuta por eles percebidas, sobretudo da melodia.
3) Qual o motivo da regravação dessa musica anos depois?
Deve-se, então, assistir a esse breve vídeo, onde se mostra os motivos pelos quais foi composta e gravada, incluindo a discussão sobre racismo e a polifonia de sentidos presente na canção. Espera-se que o professor ajude os alunos a entenderem quem é Elza Soares, apresentando uma breve biografia em anexo nesse plano.
Vídeo/Música/Imagem
10 min
Após mostrar esse primeiro vídeo, o professor deverá passar o vídeoclipe original na aula. Para isso,os alunos deverão ser divididos em grupos com 4 pessoas. Após essa divisão, o professor vai passar na lousa as seguintes questões, que devem ser copiadas em uma folha por grupo. Como atividade, o docente deve pedir aos alunos para anotarem como os negros são representados no clipe. As perguntas devem ser:
1) Por que as pessoas negras aparecem sofrendo violência no começo do clipe?
2) Descreva uma cena na qual se retoma a escravidão.
Caso necessário, o professor pode passar novamente o vídeo para os alunos.
Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)
15 min
Em continuação nessa primeira aula, o professor abrirá para o debate entre os alunos da sala sobre as perguntas feitas. Cada grupo deverá apresentar suas respostas. Depois de montar um esquema na lousa com as ideias sugeridas pelos alunos, o professor proporá como atividade para cada um dos grupos a análise da letra da música, com base nessas perguntas, que devem ser passadas na lousa também:
1) Por que a carne mais barata do mercado é a carne negra?
2) Quem são os antepassados da cor?
3) Quais os elementos presentes na letra que mostram que há alguma forma de preconceito?
Ao final do período, os alunos deverão apresentar em esquema essas ideias. Espera-se que os alunos ressaltem a alusão a escravidão negra no Brasil, assim como entenderem a associação da escravidão com o racismo como forma de se manter no poder, retomando os pensadores da década de 1930, como propõe Jacob Gorender. Os alunos também devem entender que no processo de composição havia a necessidade de busca por uma identidade que não precisaria sofrer com preconceito.
Atividade a ser realizada em casa pelos alunos (lição de casa)
5 min
O professor dividirá a sala em grupos de 5 pessoas e deverá pedir para os alunos informações sobre os seguintes ritmos: lundu, samba, rap e pagode. A pesquisa, a ser feita na internet, deve conter como informações principais período no qual foram compostas as primeiras canções desse estilo, um exemplo de melodia e qual o tema abordado por elas. Espera-se que os alunos encontrem que eles usam como tema a vida cotidiana, como os relacionamentos, crítica social e mensagens religiosas.
Vídeo/Música/Imagem
20 min
Nessa segunda aula,teremos a análise de 2 canções diferentes. Em um primeiro momento se propõe que o professor passe para os discentes outra canção "Cota não é esmola". Para tanto, o docente deve escrever as seguintes perguntas na lousa e pedir para os alunos se atentarem durante a execução a esses pontos, anotando possíveis respostas. As questões são, respectivamente: 1) Quais os grupos sociais presentes na letra da canção. 2) Na canção, todos tem as mesmas oportunidades? 3) Zumbi e Dandara são exemplos de resistência e de luta, por que eles aparecem nessa canção? 4) Essa música tem algo parecido com "A Carne", que analisamos na última aula? O professor pode passar duas vezes para os alunos terem certeza sobre seus apontamentos do vídeo. Espera-se como resultado que eles entendam a construção histórica de um racismo, com base nas diferentes oportunidades para pessoas da sociedade. Além disso, eles podem retomar a música analisada na aula anterior, "A carne", como outra canção com as mesmas temáticas. Os alunos devem apontar que o agente histórico presente em ambas as músicas lutam por mais igualdade de direitos e busca por oportunidades, afinal, sua identidade como negro não deveria ser um fator para despertar a discriminação.
Vídeo/Música/Imagem
20 min
Partindo da premissa que há uma resistência ao modo de vida de quem é negro no Brasil, propor aos alunos a pergunta de por quê o rap é preto com base na interpretação da letra da música "O rap é preto". O professor pode assistir ao vídeo com a sala e pedindo para que eles levantem a mão para sinalizar os momentos no qual há uma retomada histórica sobre o negro na história brasileira. Espera-se que os termos "capitão do mato", "pegaram o que nos tiraram e agora estamos com pressa", "bagunçaram nossa história, deixa que os preto discorra", "só tenha respeito por favor e não estrague a minha cultura" . Eles usam a música como forma de mostrar e ocupar o seu lugar de fala, sendo que foram silenciados por um tempo. A proposta dessa letra é que os alunos entendam que o rap é uma música de resistência preta das margens. Assim como em outros momentos, há a proposta de se mostrar como o rap representa o cotidiano das áreas violentas e que mostra como é ser negro e perguntado sobre isso. O professor deverá entregar para os alunos uma transcrição desse trecho da música: "A questão não é que branco não pode fazer rap/
Não é esse o ponto/
Mas sim que a gente não pode esquecer da origem/
Da energia que pariu nossa cultura/
A partir do momento que a gente concorda que o rap não tem cor/
Primeiro que nós tá desconsiderando e apagando toda uma luta/
Toda uma história de opressão, resistência e derramamento de sangue/
Segundo, nós tá sendo conivente pra que daqui 30 ou 40 anos digam que o rap é branco, parça/
Igual aconteceu com o rock, com o blues/
O inimigo vem, se infiltra, se faz de amigo/
Quando cê vê, te transforma escravo do seu próprio talento, parça". Os alunos devem destacar quais os trechos no qual se tem uma ligação com a escravidão. O aluno deverá então copiar essas informações em uma folha separada.
Produção escrita individual (alunos)
10 min
O professor irá pedir aos alunos para anotarem em uma folha, montando uma tabela, quais os elementos presentes nas 3 canções apresentadas nas aulas. Para isso, deverá fazer um brainstorm com os principais conceitos que apareceram nas canções. A partir dessas palavras, ele deverá fazer uma escolha de 10 ideias que podem ser usadas para se ter uma sociedade mais igual e que estejam em pauta nos materiais apresentados nas aulas.
Vídeo/Música/Imagem
10 min
Muitas músicas relacionadas a identidade negra tem a ver com religiosidade, sobretudo com os orixás. Essa forma de expressão religiosa, assim como os instrumentos e batidas utilizados, remetem a proteção que muitos deles tinham dessas religiões de origem afro. Os alunos deverão escutar a melodia de "A deusa dos orixás" anotando quais os elementos que aparecem. Esperamos que apresentem o nome das entidades e a relação com os elementos de cada uma delas, destacando os termos Iansã, Nanã, Ogum, Xangô, mar e orixás. Musicalmente, devem perceber a presença de instrumentos de percussão para execução da melodia, assim como a cadência musical.
Pesquisa em sala de aula (internet)
20 min
O professor vai dividir os alunos nos grupos com 4 pessoas e eles devem fazer uma pesquisa na internet. O professor pedirá para pesquisarem os termos "Ogum", "Iansã" e orixá. Como resultado, eles vão anotar em um papel resumidamente o que são cada um desses elementos. Os alunos deverão entender com isso que a religiosidade para eles é algo importante e que essas canções podem ser usadas durante rituais de religiões afrobrasileiras.
Outro tipo de produção (cartazes, produção de desenhos a mão livre)
20 min
Cada um dos grupos deverá fazer uma ilustração com base no quer representar e como a pessoa negra estava nos clipes. Eles deverão, com isso, criar a capa de uma música a ser apresentada em um site de streaming e fazer uma poesia de pelo menos duas estrofes sobre o conteúdo aprendido. O professor recolherá essas atividades como forma de avaliação.
Referências
ANDRADE, Elaine Nunes de; BAUMEL, Roseli Cecilia Rocha de Carvalho. Movimento negro juvenil: um estudo de caso sobre jovens rappers de São Bernardo do Campo. 1996.
DOS SANTOS DIÓGENES, Glória Maria. Cartografias da cultura e da violência: gangues, galeras e o movimento hip-hop. Annablume, 1998.
GUIMARÃES, Maria Eduarda Araujo et al. Do samba ao rap: a música negra no Brasil. 1998.
MORENO, Rosangela Carrilo et al. O engajamento político dos jovens no movimento hip-hop. Revista Brasileira de Educação, 2009.
PEREIRA, João Baptista Borges. O negro e a comercialização da música popular brasileira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 8, p. 7-15, 1970.
PRANDI, Reginaldo. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião. Revista Usp, n. 46, p. 52-65, 2000.
SANSONE, Livio. Os objetos da identidade negra: consumo, mercantilização, globalização e a criação de culturas negras no Brasil. Mana, v. 6, n. 1, p. 87-119, 2000.
ZENI, Bruno. O negro drama do rap: entre a lei do cão e a lei da selva. Estudos avançados, v. 18, n. 50, p. 225-241, 2004.