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Questões


35ª36ª37ª38ª39ª40ª41ª42ª43ª44ª45ª46ª – Tarefa
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37ª questão

No ano de 1889, o pintor gaúcho Pedro Weingärtner (1853-1929) realizou o quadro denominado Tempora Mutantur . Analise o primeiro documento (imagem do quadro) e o segundo documento (uma carta que o pintor enviou a um amigo a respeito deste mesmo quadro) e escolha uma alternativa:

"Este quadro fiz expressamente para nós, porque aqui na Europa não se compreende facilmente o assunto;(...)"

Carta de Pedro WeingärtnerTrecho de carta
 

Alternativas

A. A mulher que observa os recém adquiridos calos nas mãos registra a participação feminina nos serviços braçais de desmatamento e lavoura presentes na imigração para o sul do Brasil ao longo do século XIX.
B. O caráter nobre dos personagens que o pintor menciona na carta está expresso no quadro pela postura da mulher, ainda pouco habituada à lida, e pela calça com listras, antigo uniforme do exército, vestida pelo homem.
C. A imigração alemã para o Rio Grande do Sul diferiu da do restante do Brasil, visto os imigrantes ali, por sua origem nobre, não terem constituído um campesinato rural.
D. Weingärtner estudou na Europa e esse quadro foi uma forma de ele relatar aos europeus cenas brasileiras que de outro modo eles jamais veriam.



 

Comentário

O quadro de Weingärtner buscava ilustrar, conforme relata o documento produzido pelo próprio pintor, um tipo peculiar de imigrantes vindos para o Rio Grande do Sul, cujas expectativas sobre as condições que encontrariam eram contrariadas pela dura realidade. A peculiaridade do quadro está justamente em indicar estes recém chegados ao país e já lançados a uma rotina de trabalho dura no campo, na qual as mãos da mulher calejarão e as calças de soldado do homem ficarão gastas. A participação da mulher neste esforço de colonização é ressaltada, assim como a intensa atividade de desmatamento que então ocorreu.
O pintor Ângelo Guido (1893-1969), que ensinou e dirigiu a Escola de Artes do Rio Grande do Sul entre 1959 e 1962 e que escreveu uma monografia sobre Weingärtner, descreveu a obra de forma bastante romântica, dizendo: “a tela representa um casal de colonos num momento de descanso, ao cair da tarde, após um dia inteiro de penoso trabalho na terra em que foram abertos sulcos para as sementes. Os troncos abatidos da derrubada no segundo plano, ali estão a testemunhar o tamanho do esforço já feito por aquelas duas criaturas que vieram de longe, para uma região selvagem ainda, mas onde se propuseram começar nova vida e construir novo destino. A fumaça que sobe, ao longe, contra a encosta do morro; a mata ao fundo sobre a qual parece ter descido, com as sombras, a quietude melancólica do entardecer; as árvores que ainda ficaram de pé, junto à aguada, entre as suas companheiras que tombaram aos golpes do machado implacável; a atitude daquele homem de cabeça enérgica e pensativa, sentado sobre o carrinho rústico a meditar; a mulher de nobre perfil, apoiada à enxada e a olhar a palma da mão que se vai tornando áspera e calosa; tudo isto, sente-se, encerra um conteúdo de emoção e de poesia que se vai infiltrando, profunda e sutil, em nossa sensibilidade. Aquela tarde é bem uma tarde brasileira; brasileira aquela luz macia, a magia triste da paisagem e do silêncio que sobre as coisas e as criaturas desceu na hora indefinida em que a alma se sente mais profundamente a si mesma e parece entrar em comunhão com a grande alma da natureza. […] Ele evoca e medita sobre o que foi, sobre o que ficou para trás nos anos que passaram; ela pensa no que eram e no que as suas pobres mãos delicadas e lindas se tornaram, talvez no que sonhou quando uniu o seu destino ao do homem que está ali, a seu lado, a começar tudo de novo na terra selvagem e desconhecida … “Nessun maggior dolore, che ricordarsi del tempo felice nella miseria” {nenhuma dor maior que a de recordar os tempos felizes na miséria]. GUIDO, Angelo. Pedro Weingärtner. Porto Alegre: Secretaria de Educação e Cultura, Divisão de Cultura e Diretoria de Artes, 1956. p. 90)
Por fim, o título do quadro vem da expressão em latim Tempora mutantur, nos et mutamur in illis, que pode ser traduzida como “os tempos mudam, e com eles mudamos também”